segunda-feira, 25 de maio de 2009

Geração Amnésia




Numa tarde dessas da vida, fui a loja Ná Figueiredo com minha namorada dar uma olhada em umas roupas novas para comprar, quando me deparei no balcão com alguns flyers de festas que estavam por vir, e como tenho costume de colecioná-los peguei dois de cada para coleção.
O flyer que mais me chamou atenção foi de uma festa de heavy metal que ia rolar em um domingo no Amnésia Pub, e sabem o momento em que vem aquele estalo na cabeça? Pois é, foi o que aconteceu comigo, me dei conta de que precisava escrever algo urgente sobre o ambiente que se tornou um dos mais conhecidos e freqüentados espaços das tribos alternativas de nossa mangueirosa.
Para quem não conhece o Amnésia, ele está situado na Tv. Quintino Bocaiúva, n.º 522, entre as Ruas Manoel Barata e 28 de Setembro, inclusive já foi um outro pub anteriormente, para quem não lembra foi o “Barber’s club”, local onde podia se tomar uma cerveja, escutar uma música boa e cortar o cabelo. Enfim, mas o que quero dizer é que, sem dúvida alguma, ele é, atualmente, o espaço mais alternativo da cidade, reunindo festas de diversos estilos.
Nascido com a proposta de atender essencialmente o público GLBT, logo se tornaria um ambiente freqüentado por todo o tipo de gente. O Amnésia já tem em seu currículo festas periódicas, conhecidas e aclamadas do público underground como Pneumática; Radio Trash; Bulhufas; Blacksfera; Ohm Stage; Meachuta; Pogobol; etc. gerando o sucesso do bar e boate no meio alternativo.
As festas já começam as quartas, e o melhor, lotadas, com o melhor da black music, hip-hop, dub, ragga, dancehall e afins, comandadas pela galera do Blacksfera; contrastando a esse estilo, as quintas são dominadas pelos fãs de música eletrônica, sejam elas do pessoal do Bulhufas, ou Ohm Stage, ou de outros núcleos com propostas semelhantes; quanto as sextas e os sábados podem atrair diversos tipos de tribos, sejam por festas realizadas pelos próprios donos ou por outros organizadores; e, por fim, os domingos que ficam por conta dos metaleiros.
O sucesso do Amnésia pub, com certeza, está intimamente ligado ao fator liberdade de expressão e, sem dúvida alguma, a oportunidade que seus donos dão aos organizadores em explorar a festa, a música, o público sem preconceitos, essa é a receita que já rende frutos e incentiva cada vez mais a realização de festas interessantes, criando ainda uma legião de fãs.
Uma coisa é certa, o nome pode ser Amnésia, mas duvido que alguém vai apagar da memória algumas das noites que já houveram por lá, assim como ninguém vai esquecer da saudosa In Sã Nú, trocando em miúdos, esse lugar, com certeza, já entrou na história da cidade de Belém.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Fim de Semana com Trance Progressivo!


No dia 25 de abril de 2009, acontece a quarta edição da festa Tierra Progresiva e dessa vez com direito a três atrações de fora. O trio já é conhecido do público de Trance daqui da cidade, o DJ Octavio Forza do México (Progressive Trance) e, o duo de DJs de Psy Trance do Maranhão, Diff (um dos Djs do Festival Fora do Tempo/MA) vs Vini.
Vale ressaltar que Diff já tocou em edições anteriores da festa Goadelic aqui em Belém e Vini tocou na última realizada no Bar Açaí Biruta em 2009, inclusive teve seu set considerado como o melhor desse evento.
Com toda essa reputação no line up, resta-nos saber um pouco sobre a história do Tierra, então vamos lá!
Marcelo Frazão, (um dos idealizadores da festa e o único que tocou o projeto para frente com algumas parcerias) teve a visão do que poderia vir a acontecer no futuro com a cena de trance psicodélico, uma saturação do gênero e arriscou pela primeira vez em Belém trazer uma atração de progressive trance no ano de 2006.

Entretanto, a primeira festa, infelizmente, custou um pouco caro para seus bolsos, pois o público ainda não sabia o que podia esperar de uma atração desse naipe. Aconteceu o previsto, a maioria não comprou a idéia, além da saturação, naquela época, ainda estava longe de chegar ao Psy Trance, pelo menos em Belém.

Contrastando com isso a festa se tornou um marco na história da cena de música eletrônica paraense, pois trouxe o progressive trance as festas open air. Ressalte-se ainda, o sítio maravilhoso, com um declive na pista de dança parecia deixar o som da festa bem mais redondo, com subgrave potente, além da decoração maravilhosa de girassóis, e bambus que erguiam a estrutura.

O artista que tocou nessa festa chamava-se Forza (o mesmo que vai tocar nessa edição) e, as poucas pessoas que lá estavam simplesmente se encantaram com ele. O carisma, o set bem construído, visitando diversos gêneros e subgêneros (começou no prog trance, depois mergulhou no prog house, quebrou o set com minimal e terminou no electro), transformaram a festa em uma das melhores já acontecidas em nossa terrinha. Tanto é verdade, que o público que lá apareceu rende elogios a festa até hoje.

Algum tempo depois, a segunda edição do evento, não refletiu a atmosfera da primeira edição, apesar do público um pouco maior. Mesmo assim, a organização não desistiu e anunciou a terceira edição do Tierra Progresiva.

A terceira edição realizada em conjunto com os organizadores da festa Insanity, foi considerado pelos freqüentadores um dos melhores eventos do ano de 2008, com um público bem superior as edições anteriores e aproveitando um dos melhores cenários que Belém/PA pode oferecer a ilha do Cumbú.

Com todos esses aspectos positivos, a festa Tierra Progresiva emplacou e entrou para a agenda dos freqüentadores de festas de música eletrônica da cidade e já está cotada para ser uma das melhores desse semestre, portanto não percam!

Ah! Sem esquecer que a festa será Open Bar! =)
Mais infos sobre o evento:
www.e-nation.org
e também na Comunidade do Tierra:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48873826
Quer sacar o som do Forza?
www.myspace.com/djforzamusic
E o som do Diff?
www.myspace.com/diff_

domingo, 8 de março de 2009

Nuvens de Groove!



Belém, mês de março, mês de chuvas torrenciais, mês em que as nuvens estão tão carregadas parecendo que vão desabar do céu violentamente, caindo em nossas cabeças (o que de fato acontece aqui em Belém). A essas nuvens densas damos o nome de cumulus.
Por outro lado, não muito diferente a esse conceito, surge um dos projetos mais interessantes de nossa terrinha atualmente. Criado por dois músicos, disk jóqueis e, acima de tudo, fãs de boa música. A matéria desse mês no blog Manga Alternativa trata de nuvens carregadas também, mas carregadas de puro suingue e muito groove, depois de ler e só dançar!

O projeto se chama “Cumulus Groove”, sendo formado por Sandro Alab e Bernardo Pinheiro, quando moravam em sampa. Com um som misturado, de diversas influências tanto orgânicas como sintéticas, caiu no gosto de Djs de renome na cena nacional, dentre eles Camilo Rocha, Murphy, Sidney Gomes, ou seja, os caras estão com moral! =)

Enfim, sem muitos rodeios vamos ao que interessa! Entrevistamos a dupla essa sexta-feira, 06 de março de 2009.

01. Então vamos começar do "começo", conta ai pra gente como surgiu a idéia do cumulus groove?

Bernardo:
O Sandro fazia música eletrônica no playstation, naquele MTV Generation, só que o programa era realmente muito limitado mas até que ele tirava sons bem legais para um "jogo de video-game". Até que em 2007 ele comprou um laptop e instalou o Cubase X3 e começou a fuçar. E eu desde sempre acompanhei tudo, somos amigos há mais de 10 anos. Eu comecei a me interessar mesmo por produção a partir daí..., só que não saia nada que prestasse. Uns toques aqui, umas dicas ali e ele conseguiu fazer alguns loops. Então eu sempre estava ao lado vendo tudo acontecer, e vendo toda essa afinidade sonora que a gente tinha, eu sempre dei "pitaco" nas produções, e as coisas foram acontecendo naturalmente, até que o Sandro deu a idéia do nome "Cumulus Groove", eu achei a idéia do nome bem legal porque tinha haver mesmo com a nossa essência. Daí foi só continuar com toda aquela empolgação e força de vontade para aprender a manipular todos aqueles botões, e olha que ainda temos muito o que aprender.

02. O Dj Sidney Gomes adicionou uma música de vocês no podcast dele, o Dj Camilo Rocha também anda tocando faixa de vocês e até elogios do Dj Murphy vocês já receberam. Como vocês se sentem?

Bernardo:
Elogios são sempre bem vindos de qualquer pessoa que seja, ainda vindo de artistas conhecidos nacionalmente e mundialmente como o Camilo, Sidney Gomes e Murphy. E Isso foi muito legal pra gente porque serviu para mostrar que o caminho era esse: o Camilo chegou a falar para mim que gostou porque tinha uma pegada diferente, vários elementos orgânicos junto com o resto todo.

03. Vocês também são músicos né? Conta um pouquinho de onde vieram as influências de vocês. O que tocavam antes de fundar o Cumulus

Bernardo:
Eu sempre tive um contato muito grande com a música desde que eu nasci, por causa da minha família, tias, meu avô paterno, meu pai Alberto Pinheiro, na época era Dj em Belém, então sempre fui acostumado a ouvir música boa desde criança, mas nunca pensei que fosse tocar, cantar ou discotecar um dia. Quando completei meus 17 anos, minha avó me deu meu primeiro violão e comecei a estudar meus primeiros acordes. Estudei teoria musical na Uepa. Não parei mais. Formei bandas, toquei em festivais, abri shows de bandas como Engenheiros do Hawai e Capital Inicial, toquei em alguns interiores pelo Pará, acompanhei minha tia Leila Pinheiro em um show no Centur, enfim, minha vida de instrumentista e vocalista estava legal, quando "descobri" realmente a música eletrônica underground através das festas do Núcleo Cotonete (que hoje faço parte dele), acho que isso em 2002 né? Isso foi uma mudança enorme na minha vida, pois o rock era e ainda posso dizer que é uma grande paixão na minha vida. No começo eu ainda tocava e ensaiava e queria que acabasse logo para eu poder ir para as festas ou ficar treinando discotecagem, que por sinal foi o Albery que me ensinou a manipular os cdjs e acertar o pitch, isso foi meio que fácil por ser músico, sempre tive ritmo, isso facilitou bastante, ainda bem. Aí teve um tempo que meus companheiros de banda me colocaram na parede: Banda ou Dj? E como Belém na época a cena rock estava meio defasada, resolvi abrir mão de tudo para me dedicar a discotecagem. Daí pra frente é história, quem viveu, sabe....rsrs

Sandro: Bem, eu comecei a tocar bateria em meados de 1989 quando surgiu a febre das casas noturnas em Belém. Sempre fui auto ditada e buscava o conhecimento rítmico através dos inúmeros discos das coleções do meu pai... . Comecei fazendo guigs no bar "Esquina noventa" com o "CHINA" , musico de MPB e MPP das antigas, éramos voz, violão e bateria e tocávamos todo o fim de semana .. foi então que conheci outros músicos que estavam fundando na época uma banda chamada fruta quente, assim tive a oportunidade de pegar dicas e toques do baterista " cowboy", musico bastante experiente e conceituado na musica paraense. Foi ai que meus ritmos e levadas começaram a surgir efeito dando inicio a vários convites e participações em bandas e cantores como: Delço Taynara, Pedrinho Cavalero, Lucinha Bastos, Marco Monteiro, Adriana Cavalcante, Spray Jazz, Quarteto Stand BY, dentre outros... . Em meados de 2003 eu fui morar em São Paulo onde tive a oportunidade de participar da formação de outras bandas e artistas locais: Carú Freire, Marlon & Maicon, Nadjya, Maryjesus, dentre outros. Com isso tive a oportunidade de experimentar os mais diversos gêneros e estilos musicais nesses trabalhos.
Por estar em SP tive a oportunidade de estar mais em contato com a música eletrônica, sempre tive vontade e curiosidade de produzir música eletrônica. Comecei discotecando e freqüentando o circuito das festas, clubs, raves e paralelamente tive um "in sight " depois que comprei o game MTV Generation que manipulava loops, efeitos e sínteses para a montagem de grooves em diversos estilos de musica eletrônica. Com o passar dos anos fui aperfeiçoando a ferramenta de construção passando a mexer com softwares de maior alcance como Fruit Loops, Reason, Sonar e então chegando ao CUBASE, esse último permaneço ate hoje.....


04. Vocês se apresentam ao vivo, fazendo live p.a., como é a apresentação de vocês?

Sandro:
Montamos a ordem das músicas como uma cena no próprio Cubase, começo, meio e fim, seguindo alguns quesitos: bpm e agressividade. Deixamos os efeitos e alguns pads para serem sobrepostos na hora do live através de alguns vsts. O Bernardo também insere alguns trechos de voz processada (VOCODER) e eu faço os efeitos e riffs no Micro Korg. Ajustamos os faders e volumes dos canais, tal como equalização e filtragem das tracks. É basicamente isso.

05. O projeto Cumulus Groove começou em São Paulo, vocês chegaram a apresentar o live por lá? E como foi a receptividade do público com as faixas?

Bernardo:
Sim, tocamos em São Caetano (interior de São Paulo) a primeira vez num bar, onde a maioria do público lá não era "houseiro", mas mesmo assim colocamos o povo pra dançar, as pessoas que estavam sentadas ou estavam balançando a cabeça ou batendo o pé, isso já mostra que o público está gostando não é? rsrs A outra foi no Club Mary Pop em São Paulo onde era residente, nós abrimos a festa pra uma pista de 200 pessoas. Foi bem legal porque tivemos a total liberdade de conduzir a pista como queríamos, começamos num bpm baixo e depois subimos. O retorno da pista durante e depois da apresentação foi tão bom que até nos surpreendeu. Ficamos muito felizes! A aceitação foi tão boa que fomos convidados pela produtora Kelly Strike a entrar para o casting da Concha Acústica, uma agência de djs em São Paulo, em que artistas como Wild (França), Eduaro Esquível (Uruguai), Julião (SP), Benjamin Ferreira (Belém), dentre outros fazem parte.

06. Eu notei que a linha de baixo das músicas de vocês é bem redonda e assim como possuem toques sintéticos, também existe muito som orgânico. Quais as influências de vocês em termos de estilos musicais?

Sandro:
Para o bassline, a gente sempre procura pensar no groove. Somos influenciados por vários timbres e estilos do mundo musical como o funk, soul, jazz, disco music como Giorgio Moroder, dentre outros....

07. E como está o interesse dos selos, gravadoras? Algum álbum ou EP em vista?

Bernardo:
Agora estamos finalizando um remix para um Netlabel chamado Super Pussy (rsrs), o projeto se chama Ashbury e deverá ser um dos próximos releases. Por enquanto é só, mas estamos sempre fazendo nosso networking da melhor forma possível. Nosso objetivo é fazer um álbum, acreditamos que esse ano teremos ele prontinho.
08. Vocês estão voltando a Belém depois de um tempo morando em São Paulo, vocês já tem alguma festa agendada para Belém?

Bernardo: Sim, fechadas temos 3, dia 13 de março na The BOX, dia 16 de maio na festa A Xuxa tinha razão (dj set + live), e no Club Paparazzi (antigo Bora Bora) também em maio mas ainda não tenho a data certa. Estamos prestes a fechar outras datas em clubs e festas conhecidas.

09. Nossa entrevista vai chegando ao final e a última pergunta é: o que podemos esperar do cumulus para esse ano de 2009 (além do álbum)?

Bernardo:
Além de boas apresentações e boa música com inovação e conceito, queremos somar com a cena local para que ela se fortaleça cada vez mais, como criar parcerias, incentivar a produção musical, Belém tem ótimos produtores que têm ganhado espaço no cenário musical como o Henry, Vinicius Cohen, Earthquake Pill (Seninha), Sunset, dentre outros que estão começando como a gente. Esperamos que todos gostem e confiem no nosso trabalho, estamos bastante ansiosos para tocar por aqui.

Mais infos:


www.myspace.com/cumulusgroove

Matéria e entrevista realizada por Giovanni Bitencourt