domingo, 8 de março de 2009

Nuvens de Groove!



Belém, mês de março, mês de chuvas torrenciais, mês em que as nuvens estão tão carregadas parecendo que vão desabar do céu violentamente, caindo em nossas cabeças (o que de fato acontece aqui em Belém). A essas nuvens densas damos o nome de cumulus.
Por outro lado, não muito diferente a esse conceito, surge um dos projetos mais interessantes de nossa terrinha atualmente. Criado por dois músicos, disk jóqueis e, acima de tudo, fãs de boa música. A matéria desse mês no blog Manga Alternativa trata de nuvens carregadas também, mas carregadas de puro suingue e muito groove, depois de ler e só dançar!

O projeto se chama “Cumulus Groove”, sendo formado por Sandro Alab e Bernardo Pinheiro, quando moravam em sampa. Com um som misturado, de diversas influências tanto orgânicas como sintéticas, caiu no gosto de Djs de renome na cena nacional, dentre eles Camilo Rocha, Murphy, Sidney Gomes, ou seja, os caras estão com moral! =)

Enfim, sem muitos rodeios vamos ao que interessa! Entrevistamos a dupla essa sexta-feira, 06 de março de 2009.

01. Então vamos começar do "começo", conta ai pra gente como surgiu a idéia do cumulus groove?

Bernardo:
O Sandro fazia música eletrônica no playstation, naquele MTV Generation, só que o programa era realmente muito limitado mas até que ele tirava sons bem legais para um "jogo de video-game". Até que em 2007 ele comprou um laptop e instalou o Cubase X3 e começou a fuçar. E eu desde sempre acompanhei tudo, somos amigos há mais de 10 anos. Eu comecei a me interessar mesmo por produção a partir daí..., só que não saia nada que prestasse. Uns toques aqui, umas dicas ali e ele conseguiu fazer alguns loops. Então eu sempre estava ao lado vendo tudo acontecer, e vendo toda essa afinidade sonora que a gente tinha, eu sempre dei "pitaco" nas produções, e as coisas foram acontecendo naturalmente, até que o Sandro deu a idéia do nome "Cumulus Groove", eu achei a idéia do nome bem legal porque tinha haver mesmo com a nossa essência. Daí foi só continuar com toda aquela empolgação e força de vontade para aprender a manipular todos aqueles botões, e olha que ainda temos muito o que aprender.

02. O Dj Sidney Gomes adicionou uma música de vocês no podcast dele, o Dj Camilo Rocha também anda tocando faixa de vocês e até elogios do Dj Murphy vocês já receberam. Como vocês se sentem?

Bernardo:
Elogios são sempre bem vindos de qualquer pessoa que seja, ainda vindo de artistas conhecidos nacionalmente e mundialmente como o Camilo, Sidney Gomes e Murphy. E Isso foi muito legal pra gente porque serviu para mostrar que o caminho era esse: o Camilo chegou a falar para mim que gostou porque tinha uma pegada diferente, vários elementos orgânicos junto com o resto todo.

03. Vocês também são músicos né? Conta um pouquinho de onde vieram as influências de vocês. O que tocavam antes de fundar o Cumulus

Bernardo:
Eu sempre tive um contato muito grande com a música desde que eu nasci, por causa da minha família, tias, meu avô paterno, meu pai Alberto Pinheiro, na época era Dj em Belém, então sempre fui acostumado a ouvir música boa desde criança, mas nunca pensei que fosse tocar, cantar ou discotecar um dia. Quando completei meus 17 anos, minha avó me deu meu primeiro violão e comecei a estudar meus primeiros acordes. Estudei teoria musical na Uepa. Não parei mais. Formei bandas, toquei em festivais, abri shows de bandas como Engenheiros do Hawai e Capital Inicial, toquei em alguns interiores pelo Pará, acompanhei minha tia Leila Pinheiro em um show no Centur, enfim, minha vida de instrumentista e vocalista estava legal, quando "descobri" realmente a música eletrônica underground através das festas do Núcleo Cotonete (que hoje faço parte dele), acho que isso em 2002 né? Isso foi uma mudança enorme na minha vida, pois o rock era e ainda posso dizer que é uma grande paixão na minha vida. No começo eu ainda tocava e ensaiava e queria que acabasse logo para eu poder ir para as festas ou ficar treinando discotecagem, que por sinal foi o Albery que me ensinou a manipular os cdjs e acertar o pitch, isso foi meio que fácil por ser músico, sempre tive ritmo, isso facilitou bastante, ainda bem. Aí teve um tempo que meus companheiros de banda me colocaram na parede: Banda ou Dj? E como Belém na época a cena rock estava meio defasada, resolvi abrir mão de tudo para me dedicar a discotecagem. Daí pra frente é história, quem viveu, sabe....rsrs

Sandro: Bem, eu comecei a tocar bateria em meados de 1989 quando surgiu a febre das casas noturnas em Belém. Sempre fui auto ditada e buscava o conhecimento rítmico através dos inúmeros discos das coleções do meu pai... . Comecei fazendo guigs no bar "Esquina noventa" com o "CHINA" , musico de MPB e MPP das antigas, éramos voz, violão e bateria e tocávamos todo o fim de semana .. foi então que conheci outros músicos que estavam fundando na época uma banda chamada fruta quente, assim tive a oportunidade de pegar dicas e toques do baterista " cowboy", musico bastante experiente e conceituado na musica paraense. Foi ai que meus ritmos e levadas começaram a surgir efeito dando inicio a vários convites e participações em bandas e cantores como: Delço Taynara, Pedrinho Cavalero, Lucinha Bastos, Marco Monteiro, Adriana Cavalcante, Spray Jazz, Quarteto Stand BY, dentre outros... . Em meados de 2003 eu fui morar em São Paulo onde tive a oportunidade de participar da formação de outras bandas e artistas locais: Carú Freire, Marlon & Maicon, Nadjya, Maryjesus, dentre outros. Com isso tive a oportunidade de experimentar os mais diversos gêneros e estilos musicais nesses trabalhos.
Por estar em SP tive a oportunidade de estar mais em contato com a música eletrônica, sempre tive vontade e curiosidade de produzir música eletrônica. Comecei discotecando e freqüentando o circuito das festas, clubs, raves e paralelamente tive um "in sight " depois que comprei o game MTV Generation que manipulava loops, efeitos e sínteses para a montagem de grooves em diversos estilos de musica eletrônica. Com o passar dos anos fui aperfeiçoando a ferramenta de construção passando a mexer com softwares de maior alcance como Fruit Loops, Reason, Sonar e então chegando ao CUBASE, esse último permaneço ate hoje.....


04. Vocês se apresentam ao vivo, fazendo live p.a., como é a apresentação de vocês?

Sandro:
Montamos a ordem das músicas como uma cena no próprio Cubase, começo, meio e fim, seguindo alguns quesitos: bpm e agressividade. Deixamos os efeitos e alguns pads para serem sobrepostos na hora do live através de alguns vsts. O Bernardo também insere alguns trechos de voz processada (VOCODER) e eu faço os efeitos e riffs no Micro Korg. Ajustamos os faders e volumes dos canais, tal como equalização e filtragem das tracks. É basicamente isso.

05. O projeto Cumulus Groove começou em São Paulo, vocês chegaram a apresentar o live por lá? E como foi a receptividade do público com as faixas?

Bernardo:
Sim, tocamos em São Caetano (interior de São Paulo) a primeira vez num bar, onde a maioria do público lá não era "houseiro", mas mesmo assim colocamos o povo pra dançar, as pessoas que estavam sentadas ou estavam balançando a cabeça ou batendo o pé, isso já mostra que o público está gostando não é? rsrs A outra foi no Club Mary Pop em São Paulo onde era residente, nós abrimos a festa pra uma pista de 200 pessoas. Foi bem legal porque tivemos a total liberdade de conduzir a pista como queríamos, começamos num bpm baixo e depois subimos. O retorno da pista durante e depois da apresentação foi tão bom que até nos surpreendeu. Ficamos muito felizes! A aceitação foi tão boa que fomos convidados pela produtora Kelly Strike a entrar para o casting da Concha Acústica, uma agência de djs em São Paulo, em que artistas como Wild (França), Eduaro Esquível (Uruguai), Julião (SP), Benjamin Ferreira (Belém), dentre outros fazem parte.

06. Eu notei que a linha de baixo das músicas de vocês é bem redonda e assim como possuem toques sintéticos, também existe muito som orgânico. Quais as influências de vocês em termos de estilos musicais?

Sandro:
Para o bassline, a gente sempre procura pensar no groove. Somos influenciados por vários timbres e estilos do mundo musical como o funk, soul, jazz, disco music como Giorgio Moroder, dentre outros....

07. E como está o interesse dos selos, gravadoras? Algum álbum ou EP em vista?

Bernardo:
Agora estamos finalizando um remix para um Netlabel chamado Super Pussy (rsrs), o projeto se chama Ashbury e deverá ser um dos próximos releases. Por enquanto é só, mas estamos sempre fazendo nosso networking da melhor forma possível. Nosso objetivo é fazer um álbum, acreditamos que esse ano teremos ele prontinho.
08. Vocês estão voltando a Belém depois de um tempo morando em São Paulo, vocês já tem alguma festa agendada para Belém?

Bernardo: Sim, fechadas temos 3, dia 13 de março na The BOX, dia 16 de maio na festa A Xuxa tinha razão (dj set + live), e no Club Paparazzi (antigo Bora Bora) também em maio mas ainda não tenho a data certa. Estamos prestes a fechar outras datas em clubs e festas conhecidas.

09. Nossa entrevista vai chegando ao final e a última pergunta é: o que podemos esperar do cumulus para esse ano de 2009 (além do álbum)?

Bernardo:
Além de boas apresentações e boa música com inovação e conceito, queremos somar com a cena local para que ela se fortaleça cada vez mais, como criar parcerias, incentivar a produção musical, Belém tem ótimos produtores que têm ganhado espaço no cenário musical como o Henry, Vinicius Cohen, Earthquake Pill (Seninha), Sunset, dentre outros que estão começando como a gente. Esperamos que todos gostem e confiem no nosso trabalho, estamos bastante ansiosos para tocar por aqui.

Mais infos:


www.myspace.com/cumulusgroove

Matéria e entrevista realizada por Giovanni Bitencourt

2 comentários:

Pará independente do Brasil disse...

Mais uma vez muito obrigado pela força meu querido!! A entrevista ficou show!!!

abração!!!

Tohany disse...

My son. Termineir de ler hoje, Estava para ler essa matéria a tempos. Gostei de mais de saber que o Bernardo Voltou. Uma pergunta, ele era o Dj de Drum???

Nossa cidade está precisando de um alavanque artístico na cena eletrônica. Os conceitos de artistas são importantes na sociedade. São os artistas que ajudam no aliocerce de boa imagem que podemos produzir.

Pretendo escutar, ainda, o my space dos manos aí. De já dou os parabéns pela iniciativa.

Agora perguntolhe, mano. Vamos por para frente esse blog, falar das noites e festas da cidade. Das quintas feiras, das pessoas, dos comportamentos, da musica. Novidades dos cases. Interesses e gostos dos nossos artistas: Dj's, Malabaristas, Decoradores, promoter's.

Intrevistar os segmentos todos: Seguranças, Pessoas do Bar, Bombonzeiros, Publico, sociedade, pessoas na rua, políticos, policiais, Advogados, Profissionais diversos.

Criando uma relação entre tudo e a alternatividade de nossa cultura Jovem da cidade mangueirosa. Dar uma direção de mídia. Estamos precisando desse tipo de atividade. Algo para nos fortalecer perante os olhos da sociedade de Belém.

Essa é a proposta para este blog. Que pode crescer para outras bandas do Pará.